sexta-feira, 19 de abril de 2013

Wrathprayer "The Sun of Moloch"

Não tenho receio de asseverar: de uns dez anos para cá, o Chile se firmou como a principal cena death/black metal da América do Sul. Unaussprechlichen Kulten, Atomicide, Demonic Rage, Chainsaw, Ammit, Goatoimpurity, Assault, Slaughtbbath são apenas alguns dos nomes que povoam o fértil cenário chileno. O Wrathprayer vem se juntar a essa leva de boas bandas e já surge assumindo posição de destaque. Recentemente, quando assiti à apresentação da banda no NWN Fest III, em Berlim, no fim do ano passado, o que mais me chamou a atenção foi sua similaridade com o som do Sarcófago antigo. Agora, ouvindo com mais calma o debut de estúdio dos caras, lançamento conjunto da NWN e da Ross Bay Cult do Canadá, vejo que estava errado. Não que o mítico conjunto mineiro seja completamente estranho ao excelente death/black detonado pelo Wrathprayer. Mas as marcas mais óbvias do som dos chilenos não vêm do Brasil, mas da América do Norte. É que a sonoridade desse  The Sun of Moloch lembra muito a do americano Demoncy no clássico disco Joined in Darkness, inclusive nos vocais, com algumas pitadas de Blasphemy (principalmente nas levadas de bateria) e de Black Witchery (na rifferama). Sem embargo, os chilenos estão longe de soarem como cópias e tiveram competência para transformar suas influências em um som próprio, dotado de personalidade. Não classificaria o Wrathprayer como war black metal, embora traços do estilo estejam inegavelmente presentes no som da banda. De fato, os riffs de guitarra são menos caóticos (e a palhetada menos furiosamente rápida) do que a média dos grupos de war black. Também há maior varidade nos andamentos, não se furtando os chilenos de incluir longas e tétricas passagens cadenciadas em suas músicas, como se ouve na ótima The Annunciation I:I (Vermis Precatus). A produção também é mais limpa, embora seja muito pesada, o que permite identificar-se com relativa clareza cada um dos instrumentos. Tudo isso confere ao som do Wrathprayer uma solenidade trágica, uma certa aura "gélida" - bem diferente, a propósito, da sonoridade típica do war black metal, que normalmente é "quente", resultado, em grande medida, da dinâmica de riffs curtos e repetitivos do estilo - que mais o assemelha à trilha sonora de algum ritual macabro. Trata-se de som extremo, mas bem composto e bem tocado, com muito clima e espírito. Sem dúvida um dos melhores lançamentos recentes da gloriosa cena death/black chilena.
 
 
A intrigante capa de The Sun of Moloch
 

Um comentário:

  1. Fudido!
    Tudo a ver ter mencionado o Joined in Darkness do Demoncy...
    Fábio Caverna

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