sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Desolator "Unearthly Monument"

Já andava de olho nesse sueco Desolator desde o lançamento, em 2011, do seu primeiro registro em cd, o excelente split com a banda grega Resurgency, editado pelo selo Hellthrasher Productions, da Polônia. Agora, neste ano de 2013, seu debut full lenght, intitulado Unearthly Monument, vem a lume, novamente pelas mãos daquela boa gravadora polonesa.
Assim como no split, o Desolator detona um ortodoxo old school death metal, muito bem composto e executado, no qual dá para ouvir toques - toques, não chupações descaradas - de formações icônicas da velha guarda do metal da morte, tipo Cancer, Obituary, Death, Massacre, Malevolent Creation, Bolt Thrower (fase Warmaster em diante) e Incubus (dos irmãos Howard). Vale dizer, velocidade não é uma obsessão para o Desolator, embora ela também esteja presente, mas o peso - o que há de partes cadenciadas feitas sob medida para bater cabeça aqui é um negócio realmente sério. Os andamentos são de meio-tempo ou um pouco mais acelerados, raramente havendo blast beats. Aliás, isso não é surpresa alguma, uma vez que a onipresença de blast beats é característica marcante das bandas de death noventistas, não das que têm raízes mais oitentistas, como é a onda do Desolator.
Meus destaques vão para os ótimos riffs, que se alternam entre rápidos e lentos com extrema eficiência, a bateria simples mas criativa, que nunca soa "inventiva" demais, e as bem sacadas transições. Meu amigo, as transições merecem uma palavra em especial. Com efeito, elas soam tão naturais que passam ao ouvinte aquela impressão (obviamente irreal) de que seriam as únicas soluções possíveis para a música. Esse caráter "redondo" das composições mostra o profissionalismo dos caras. Só mesmo muito ensaio e contínuo trabalho em cima das músicas permite chegar a esse nível de excelência. 
Todas as músicas do play são muito boas. Durante a audição, elas se sucedem com tamanha facilidade que fica até difícil apontar uma em particular. Mas vou de Bludgeoned, Beaten and Berated, dotada de uma cadência que praticamente te faz bater a cabeça sem nem dar-se conta, Feeding Frenzy, com sua harmonia de swedeath e seus pesados riffs à Death (antigo), e da empolgante Desolated, na qual as influências de deaththrash oitentista falam mais alto, na forma de riffs na linha do sensacional, mas hoje infelizmente pouco lembrado e reconhecido, Incubus (dos irmãos Howard).
Só para dizer que não tenho nada além de elogios, a produção, para o meu gosto, poderia ser um pouco mais suja e oitentista, como foi no split. Os vocais bem guturais também não têm nada demais, mas casam bem, reconheça-se, com o som da banda. Contudo, nada disso realmente é capaz de comprometer o som dos suecos.  
Música altamente madura, de quem não está interessado em pagar de o mais radical do underground, mas em fazer um death metal de altíssima qualidade.


O pessoal do Desolator no figurino clássico do death de início dos 90


O ótimo split cd com o Resurgency, da Grécia

Nenhum comentário:

Postar um comentário