domingo, 3 de novembro de 2013

Entrevista com Ritual Butcherer (ARCHGOAT) - 1a parte

O mundo do jornalismo profissional é mesmo complicado. A entrevista abaixo, feita por mim com o guitarrista Ritual Butcherer, integrante do fantástico grupo finlandês Archgoat, momentos antes de a banda entrar no palco do festival Brazilian Ritual - Second Attack, estava programada para ser publicada na versão impressa da Roadie Crew. No entanto, a pauta caiu e termino, agora, por publicá-la aqui mesmo no blogue. Logo abaixo, disponibilizo a versão integral, tal qual a enviei para publicação na referida revista. Confiram!




ARCHGOAT
Pense numa época em que bandas hoje arquetípicas como Emperor, Dark Throne, Burzum, Immortal, Satyricion ou Mayhem, seja porque ainda não existiam, seja porque tocavam outros estilos, pouco ou nada significavam para o black metal. Depois da explosão do metal negro norueguês na primeira metade dos anos noventa, fica até difícil imaginar. Porém, na virada dos oitenta para os noventa, as bandas mais representativas do black metal não se encontravam na Noruega, mas em lugares como o nosso Brasil, o Canadá e a Finlândia. O Archgoat era uma delas. Formado na gelada Finlândia, nos idos de 1989, pelos irmãos Angelslayer (baixo/vocal) e Ritual Butcherer (guitarra), a banda construiu sua fama como um dos mais selvagens exemplares do metal satânico mundial. Desde sua primeira demo, “Jesus Spawn”, gravada em 1991, passando pelo seu mini lp de 1993, o clássico “Angelcunt”, até o lançamento de seus dois full lenghts e de seu último ep, já nos anos 2000, o Archgoat vem mostrando o lado mais cáustico, rude e extremo do black metal, não se furtando a incorporar influências de outros estilos musicais igualmente cavernosos como o death metal old school e o velho grindcore. Pela primeira vez no Brasil, com vistas a participar do festival “Brazilian Ritual – Second Attack”, a banda nos concedeu essa curta, porém esclarecedora, entrevista, na qual temas envolvendo a antiga cena black metal finlandesa foram também abordados. Deixo vocês com o fã declarado de Sarcófago, Ritual Butcherer, responsável pelo machado de seis cordas da banda.



1) O Archgoat é uma banda icônica do cenário black metal finlandês do início dos noventa. Como era fazer parte daquela cena, ao lado de Black Crucifixion, Impaled Nazarene, Beherit, Belial?


RITUAL BUTCHERER – “Para mim não era nada de especial. Eu cresci no sul da Finlândia e essas bandas são do norte do país. Nós tínhamos bandas na nossa área, bandas de death metal, black metal e grindcore. Mas a cena (black metal) surgiu depois.”



2) O quanto há de verdade na suposta disputa que teria ocorrido, naquela época, entre as bandas de black metal da Finlândia e as bandas de black metal da Noruega? O quão sério foi essa disputa?


RITUAL BUTCHERER – “Tudo começou com um telefonema feito por alguém bêbado no meio da noite. Algum garoto norueguês ou finlandês telefonou para o outro e esse simples telefonema gerou todo esse tolo disse-que-me-disse de um falando mal do outro. Acho que envolveu os caras do Burzum ou talvez do Emperor (da parte da Noruega) e o Impaled Nazarene (da parte da Finlândia). É bobagem. Estupidez. Coisa de criança. Nunca tomamos parte nisso.”


3) O Archgoat esteve inativo por cerca de dez anos. Ao que se deveu essa parada? O que você pretendia expressar com sua música no início dos noventa é, em algum sentido, diferente do que pretende expressar hoje?


RITUAL BUTCHERER – “A razão pela qual nós acabamos com o Archgoat foi porque a cena de black metal noventista tinha se tornado comercial. Bandas estavam mudando seu estilo de música para o black metal apenas para vender mais discos. (A cena) não era mais verdadeira, na minha opinião. Não queríamos ter nada a ver com esse tipo de cena comercial. Para nós, black metal é real, vem do coração. Nós temos tocado o mesmo estilo. Nosso estilo. De repente, você tinha bandas de death metal e de grindcore virando black metal da noite para o dia apenas para vender discos. Nós não queríamos tocar nesse tipo de cena. Quando voltamos nada mudou para nós. Fazemos a mesma coisa do começo. As razões (para tocar) são as mesmas.”

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