domingo, 3 de março de 2013

As primeiras bandas

A abertura do festival coube ao estranho Knelt Rote. Para um público de uma dúzia de gatos pingados – o grosso da galera preferiu ficar nas barraquinhas de vinis ou fumando numa área aberta contígua – a banda mandou ver seu set de meros vinte minutos. O som deles é bem embolado, um death metal com pitadas ambient/industriais super abafado e hermético. Achei mais ou menos. Depois veio o Anatomia, banda de doom/death japonesa que eu curto muito, nascida das cinzas do antigo Transgressor. Recentemente eles adicionaram uma tecladista à formação e, em alguns momentos, me pareceu que as guitarras perderam demasiado espaço. Para tirar a prova só ouvindo o novo disco deles, o que ainda não fiz. A primeira banda a tocar que pode ser considerada black/death metal (o mote do evento) foi o Pseudogod. Já com uma platéia bem maior, os russos, usando o típico corpse-paint do black metal, fizeram um show correto de pouco mais de meia hora, mostrando suas músicas influenciadas pelo antigo Beherit e pelo black norueguês de raiz. Destaque para o vocal grave, que faz um contraponto legal com o som mais black do grupo. Em seguida veio o Antediluvian, que foi a primeira banda a realmente me impressionar. O som dos canadenses é incrivelmente denso, uma espécie de Incantation com riffs mais técnicos e estranhos. Dada a massa sonora, fiquei assombrado com o fato de que conseguiram evitar que tudo virasse uma maçaroca só. Para os padrões do metal radical, deu para ouvir na boa. O ótimo Blasphemophagher, da Itália, veio na seqüência e quebrou tudo (até um baixo) com seu legítimo war black metal inspirado em Blasphemy e quejandos. Uniformizados com a roupa de guerra do estilo – olhos pintados de preto, spikes de cinqüenta centímetros, cintos de balas sobre cintos de balas, e máscaras de gás –, os caras detonaram um set de quebrar o pescoço. Vale ressaltar que o Blasphemophagher vem investindo numa vertente do war black que ressalta a precisão técnica na execução da música, em detrimento dos elementos mais noise também abundantes no gênero, na linha oposta, por exemplo, do que faz o assustador Deiphago, das Filipinas. Por vezes, o som do Blasphemophagher acaba soando próximo ao thrash metal. Muito bom! Mas há que se ter cuidado. Esse negócio de começar a trampar o som é perigoso. Vejamos o que acontece nos próximos discos dos caras.



Anatomia

Antediluvian

Blasphemophagher

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