quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Invader "Children of War"


Death, black, war black metal, splatter. Metal extremo. Ok. Contudo, dando rápida passada de olhos nos posts anteriores, notei que a descrição deste blogue parece não entregar tudo o que promete. Afinal, cadê o metal clássico das antigas? Pois bem. Vou agora resgatar parcialmente minha dívida. Falarei sobre uma banda hoje quase totalmente esquecida (mas muito legal!) pertencente a um dos estilos mais fantásticos da gloriosa história do metal: o heavy/speed metal oitentista.

O nome Invader decerto não é mencionado entre os grupos mais importantes da velha e superpovoada cena alemã. Quando seu disco de estreia, "Children of War", foi gravado, em fins de 1985, o heavy metal clássico já estava em franco declínio, ao menos junto à massa mais nova e furiosa de headbangers. De fato, o frescor, a crueza e a velocidade insana das insurgentes bandas de thrash e black metal - epitomados, na antiga Alemanha Ocidental, pelo maldito trio de ferro Destruction/Sodom/Kreator - haviam deixado o heavy mais ortodoxo com um semblante envelhecido.
A resposta da corrente mais conservadora a esse boom do thrash metal foi, em parte, acelerar, ela também, o tempo da sua música, inserindo bumbos duplos e palhetadas mais "fritadas", com a manutenção, porém, de altas doses de melodia, tanto nos fraseados de guitarra quanto nas linhas vocais, seguindo e defendendo a tradição do heavy metal clássico. Essa reação (depois transformada numa paródia ridícula nas décadas seguintes), por alguns denominada, naquela época, de power metal, gerou frutos excelentes. Como ilustração mencionem-se o antigo Helloween (fase com Kai Hansen), na Alemanha, Agent Steel e Omen, nos EUA, e Viper (do primeiro disco), no Brasil.
Sem embargo, esmagadas entre uma tendência (do thrash) e outra (do power), muita bandas ficaram pelo caminho. Não eram duras o suficiente para entrarem na cena thrash nem tão melódicas para serem aceitas na do power. Esse foi o caso do nosso Invader. Sua música, para bem e para mal, é um retrato fiel do heavy/speed metal alemão da época: riffs calcados em Accept (do "Restless and Wild" e do "Balls to the Wall") e Judas Priest (do "British Steel" e do "Screaming for Vengeance"); andamentos sem obsessão por seguidas mudanças de tempo no curso da mesma música, com a inclusão, nas partes mais rápidas, de bumbos duplos; melodias vocais simples mas bacanas, com um toque épico em alguns momentos; palhetadas cavalgadas; boas harmonias de guitarras e uma sonoridade mais contida (e não tão thrash) na caixa da bateria. Tudo isso pode ser conferido, por exemplo, na ótima faixa "March for Victory".
Não faltam também, em "Children of War", aquelas músicas mais rockers, feitas para bater cabeça no show, cantando junto com a banda com um dos braços levantado no ar, caso de "Black Sex". Muito divertida! O play fecha com a indefectível balada movida a dedilhado. Embora não seja muito fã delas, reconheço que a despretensiosa "Days of Sorrow" não é ruim.
"Children of War" foi, ao mesmo tempo, o disco de estreia e o canto do cisne do Invader. Logo depois a banda acabou. Muito provavelmente em razão da já referida falta de espaço no cenário metal da época.
Para nós, colecionadores devotados, descobrir essas pérolas do passado é gratificante. Principalmente hoje, quando tantas bandas retrô tentam ressuscitar, com mais fracassos do que sucessos, o saudoso espírito libertário dos anos oitenta. Um agradecimento especial fica aqui registrado para a finada No Remorse Records, da Grécia, pela pesquisa minudente que possibilitou o relançamento desse disco. Junto com alemães e japoneses, os gregos são, definitivamente, os maiores arqueólogos da era de ouro do metal.

O pessoal do Invader - no velho e bom espírito oitentista "heavy metal é diversão"

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